terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ragujnoc

Houve o fim do túnel. A luz era um vaga-lume. De um lume tão inútil quanto o próprio tunel.
Por onde estive? Atravessei-o. A beligerante ignorância, de cruel estatura, matura, implorou para que de mim não fizesse pouco. Entrevi estes entraves. Se de constantes espasmos sou vivo agora: uma esperança de longe aflora. Como quem paira sobre um campo e explora. Como quem rasga e em lapso dobra. Uma torrente quente de veementes ditos engenhosos. A força da tempestade que me empurra em desistência. Desistência de auto-despreservação.
-Corre rapaz! Corre tu para longe daqui!
Sabes o caminho: labirintos de paradoxos.
Corra e percorra o que de são não tem raíz. As opíparas desordens, caóticas, retóricas, te revolvem em pilhagens de respaldos espinhosos. Pares, ó tu. Revoga-te. Reluta-te a ti mesmo. Seja verde com a lua, seja gringo com os porcos, seja um marco. Um marco no percurso. Sina essa, aberrante e sinuosa. Brilham o quanto querem, destroem o vácuo infinito (malditas). Intrigam a qualquer desordem. Que você haja. Que você exista. Fotocópias de protocolos mentecaptos.
Sabes o resultado: A luz no fim do túnel.

domingo, 24 de outubro de 2010

O Antônimo da Atenção

Foco, em que? Por cá vejo o foco, como vejo o que não é visto. Vista é visível, e dependendo do ponto de vista: ver é verossímil. Porém, já não vejo o que me avisaram. O que via tudo, tudo via, todavia, nem tudo via a tudo. Tudo é relativo. Mas não importa, porque já não vejo o que via. Na minha monogamia, meu desejo é minha psicoerência. Psiconeuroenfermodesastrado, é o que sou. Das circuncisões e circunvoluções e circunstâncias e evoluções. O psico e o lógico, e o psicológico. A atenção, se dá ao que se entrega. Num fluxo poético, molhado, vivo, andante e retumbante. Pois é assim a origem da vida. A vida tem origem na vida. Tudo tem origem no nada. Mas a vida tem origem na vida. E a respeito: despeito os preceitos e preconceitos. Teoricamente, o meu pensar é pré-reconhecer o desconhecido, não conhecendo o que não busca, prestando atenção no desinteresse mútuo, entre o pensar e o organizar. Meu êxodo de condições, e meu mártir em regozijo, enquanto as pútridas veias continuam a bombear meu sangue elétrico. Devaneio em soluços mentais, enquanto os espasmos cerebrais envelopam minha aura. Que de aura não tem nada. Que de nada tem tudo, e de tudo rima. Rima com lima. Mas e o fluído? E a volta? Eu te ordeno a existir. Exista, não recuse. Não há mente que não minta. Não há engano que não engane e nem graça que não degrade. As referências baseadas em ilusões condicionais, e as grandes filosofias de grandes pequenos homens, hoje são poeira. Hoje sou poeira. Estrelas, por quanto andem, nunca movem-se, e isso é pior do que destruir o planeta. Ao menos, nossa história vai ter êxito. No âmbito, de meu êxodo, e na rima. Eras eram, já não são.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Parábola

Tum tum, faz o relógio.
Toc toc, faz meu coração.
Tchoff tchoff, faz a chuva.
Vrum vrum, faz o avião.

Splash, faz o catchup.
Que se espalha pelo chão.
As paredes manchadas ficam.
Com o sangue do meu coração.

Há um revigoramento.
Uma regeneração.
Quanto mais entendo a vida.
Mais sangue há no meu chão.

E o tempo passa:
Tack, tick.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Reflexão

Se imagine sem norte. Não quero ser forte. Não quero uma vida, rimada, caída. Não quero uma garrafa, de ausente bebida. Quero ver cores, de tons inigualáveis. Quero que os tons sejam fracos e notáveis. A ausência de sentido, impossível de notar. Faz ficar a vida toda, sem direito de explicar. O que a vida te reserva, o que tem pra você? Não se sabe, não se entende, espere e você vai ver. Surpresas não quero mais, que circundem meu futuro. O passado como antes, ainda hoje é muito duro. Não quero uma vida de ausentes tonalidades. O que quero é a pureza de ouvir apenas verdades. Quisera um dia refletir sobre o passado. Mas as lembranças, me deixaram atordoado. Como resolvo minha trama daqui pra frente? Posso continuar, e morrer simplesmente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Rotina

Levanta, anda, abre, passa, escova, penteia, passa, anda, pega, abre, passa, chaveia, entra, fecha, escuta, comprimenta, chega, sobe, sente, comprimenta, senta, fala, levanta, entra e espera. Presta, entende, associa, explica, faz, compreende, escreve, relaxa, escreve, calcúla, explica, presta, espera, anseia, levanta e sai. Come, olha, sente, cheira, respira, relaxa e volta. Senta, espera, calcúla, lê, entende, explica, espera, anseia e volta. Escuta, liga, fala, fala, fala, cheira, reclama, discute, anseia e perde. Chega, come, agradece, vai e dorme.

sábado, 28 de agosto de 2010

Da exposição prolongada

Não há um nada sem um tudo. Tudo o que é nada é o limiar de não ser algo. Mesmo sendo nada, ainda é alguma coisa. Mesmo não tendo algo para ser, buscando ser algo, você já o é. Algo é a definição de nada em analogia a tudo. A relação de nada e tudo causa um efeito de gatilho. Estar em nada é estar em lugar nenhum. Lugar nenhum tambem existe. Pensar em nada, é estar pensando em tudo. Tudo é nada. Nada é individual, tudo é coletivo. Nada não é branco, nem transparente. Muito menos preto. Tudo não é apenas branco, nem apenas transparente. Muito menos apenas preto.
Não, não saiba de tudo. Se souber de tudo, irá saber de nada. Se saber de nada, não vai, simplesmente, saber. Contrapondo nada ao tempo. O tempo gerou o nada, e o nada gerou tudo. Tudo surgiu do nada. Porque nada já era alguma coisa. Tudo é culpado. Não gerou nada além de tudo. Tudo é somente egoísta. Nada é somente altruísta. Tudo não pode fazer nada. Nada não pode fazer tudo. Isolados, eles seguem juntos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sincronicidade

O que eu quero?
O que quero
Quero o que
Ser sincero

Sai simétrico
Cima e Centro
Centro simétrico
Fora e Dentro

Onde eu vou
Você não está
Escolha aonde posso ir
E lá não estarei

Sobretudo
Sobre tudo
Sei de tudo
Semente do mundo

Se mente do mundo
Se mete no mundo
Que peste volúvel
Em pragas solúvel!

Acalmo
Calmo
Imo
Ágil

Forneces o sal
Agora, quero o açúcar
Além do mais
Já não era sem tempo.

Já não era só tempo
Já não é só do tempo
Janela do tempo
Janela sem tempo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Discordial

-O frio, o álcool e a música.
-O calor, a praia e o sol.
O dínamo da utopia constituinte, torna os martírios imos em lastimáveis desalentos.
-O sol e o álcool.
-O frio e a praia.
Embriaguês. De mal-feições, um abismo de solidão é criado.
-O calor e a música.
-O álcool e o frio.
Percepção e sentidos afastados de seus postos normais. Onde tudo o que era, deixa de ser, e o veneno, torna-se doce como mel.
-A música e a praia.
-O sol e o calor.
Redundâncias e pleonasmos. Eu em mim me encontro expremindo-me a mim mesmo. E a música toca: Piano, piano.
-O álcool e a praia.
-O sol e o frio.
O que estava lá não está mais. O que não está? nunca esteve. Sombras, porque tantas sombras?
-O frio e a música.
-O álcool e o calor.
Dosado, de dose em dose. O frio e o calor se misturam em fúria, e eu em choque térmico, termológico.
-O sol e a música.
-O frio e o calor.
Rege sinfônico, a melodia do universo. A mais agradável e mais duradoura. Com o título comum que todos conhecem.
-A praia e o calor.
-A música e o álcool.
Sons vibrantes de melodias tortas e o fogo da praia interminável. Desalento. Sem casa, sem vida.
-O sol é a praia.

domingo, 30 de maio de 2010

O Cronófago

Esquisofrênico, vivo a contra-divulgar o que não sinto. Temperamental, livre e perverso. Como os dias, como os anos, as décadas e os milênios. Tem gosto de tudo ao mesmo tempo. O que não é bom, ou não é ruim. O que é perfeito.
Comer o tempo tem um gosto perfeito. Alimentar-se de passado, de história, de estórias e de moldes. Os últimos, instituídos por mais história, e mais passado, e diante da percepção crio barreiras transdimensionais. Dimensões essas, não existem. Física foi aposentada. O tempo que não explica o que não sente, não fala às avessas.
Não alcanço o temporão. Futuro não me interessa. Não tem gosto perfeito. Perfeito é o passado, que pode ser definido.
Esqueça as formalidades, coma um balde de segundos, e sinta-se a vontade para provar das décadas.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Passar por si.

Já falei do quanto odeio os pássaros. Os odeio por seu deplorável estado de liberdade contínua. Um ser estável é um ser liberto dos cotidianos, não de uma vida de trabalho e prosperidade aos próximos. Nunca vi um pássaro ajudando qualquer outro ser. A não ser eles mesmos. Os odeio por seu egoísmo, os odeio por serem pequenos e terem tamanha facílidade de esconderem-se do mundo. Odeio como cantam. Odeio como tratam a vida.
Odeio sua alimentação, suas presas, porque mesmo sabendo que vão ser comidos, insistem em aparecer para suas refeições diúrnas e noturnas. Não odeio os peixes, eles não tem culpa. Culpa têm os pássaros, de serem tão despresíveis e indiferentes. Odeio como se portam diante das situações, mas ainda odeio mais o seu canto.
Odeio suas represálias e seus atos inconsequentes. Tenho asco de seus tons claros e vibrantes. Tenho repulso por seus anti-métodos sociais. E último, não menos importante. Os odeio por seu deplorável estado de liberdade contínua.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quando seu céu é infinito e desaba sobre você.

Concentre todo o poder de percepção e descubra que seu dia é infinito. Descubra que sua vida não é infinita. Descubra que tudo o que pode ter um fim, terá. Descubra que dores são apenas um ultimato. Aprenda que a vida irá passar a perna em você, assim que aprender a confiar nela.
Aprenda que não há nada que te entenda o suficiente pra não te dizer o que te interessa. Escute os pássaros comendo o resto da Vida que você vive. Escute a Vida que você vive saíndo pela porta e gritando:
-Você já não me diz respeito, já não me interessa, e não tenho nenhum interesse em seus sentimentos infantis.
Sofra o que poder nas próximas horas. Sofra o que poder nas próximas semanas. Sofra o suficiente até que entenda o que não se deve fazer com sua Vida. Sua Vida te odeia, e ela vira as costas. Sua Vida tem problemas com você. Sua Vida é tão complexa, que te deixa atordoado com os confusos meios que atua e que com você têm relação.
Escreva em um blog enquanto por ventura esperar o sofrimento passar. Tudo nessa Vida irá passar. Mas não consigo pensar em outra vida, a não ser naquela, então simplesmente vou esperar até que a mesma volte pela porta e diga:
-Olá! Porque simplesmente não foi atrás de mim?
Pensarei e falarei:
-Foi o que tentei, mas Vida, eu não me acho digno de você.

domingo, 18 de abril de 2010

Anestesia.

Tudo tem me anestesiado: o tempo, a vida e as obturações entre os mesmos. Tudo o que um dia foi incógnito, agora choca meus neurônios com uma profunda vontade de entender os paradoxos implícitos na inexistência prática.
Eu vejo mares e marés e vejo como se movem. Tudo é tão perfeito que parece não fazer nenhum sentido. Tenho meus motivos para duvidar da existência de fatores condicionadores de outros fatores. O que me agride é a intolerância e a prótese cerebral instalada em massa por motivos afins e sem afins.
O que vejo são dois abismos, um de frente para o outro. Em um estou eu, em outro estão meus olhos, olhando para mim, e recriminando a minha existência por não fazer qualquer diferença. Mas não, não me sinto assim tão inexistente. Afinal quem alcança algo, tem por um objetivo alcançar algo maior. E como vivemos de ciclos (vide bomba de sódio e potássio), vivemos em busca, e a busca é sempre procedida de um fim.
Dias e dias passaram, a fome se alastrou pelas paredes. Fome essa que não sacia por uma democracia apelativa, ou por estatísticas de carnificínas e geodoentias. Geobiometria deveria ser a prioridade. Mas chega de não falar do que precisamos. Precisamos de traços morfóides de um mundo paralelo. Precisamos de um Dia para pensar. Precismos de tempo, fatorial invariável, para que possamos inverter e inventar caminhos suplícios a condições extremáticas. Precisamos de luz. Eu e você, cérebro amado.