quinta-feira, 12 de maio de 2011

Invisível

Esconde-esconde. Eis, por quão caótica, a alegria. Rasgando as realidades. Imolando as verdades e pondo-as justapostamente atrás de seus olhos. Cegando-o com infinita delinquência. Negando-se ao trono da virtude e às belas e míticas analogias. Pois são essas que tiram da visão a excência da luz. E na escuridão não se enxerga nada além do vivo-negro.
Os bastonetes deteriorados acinzentam o preto e tiram dele a força vital. Essa, por sí, dissipada entre aqueles que buscam morrer de formas confortáveis, refugia-se dentro dos mesmos, de forma instável. E de repente, nota-se algo em meio à escuridão. Não com os olhos. É a dor. Necessidade última de que se retire algo que infringe alguma normalidade dentro do próprio corpo.
Ela chega de mansinho e toma por completo. Ela chega de mansinho e toma completamente quem se esquiva. Em um panorama completo do escuro absoluto, a dor é tão visível, que tocá-la e beijá-la vira um ato vicioso. Há dentro dela uma cor esperando para ser chamada por sua cálida voz dizendo: eu te amo, mas sou invisível.