quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ansiedade

Porque meu crânio não arde com o fogo do pensamento e o meu corpo não relaxa?
É comum obter respotas atravéz de perguntas, mas as minhas vêm com o tempo. Não mais pergunto o que vejo que além de desgastar o ouvinte, apressa o inevitável. Se é inevitável, que seja. Eu já nem busco mais, a priori, aperfeiçoar o interim. Nem mundo mais me interessa. Quero saber das malditas respostas sem perguntá-las. Quero que pegue fogo a rua toda. Quem sabe?
O que eu reservo cria caos, e a entalpia é geral. No limite da criação do tempo caiu o espaço causando todo esse estrago. Às vezes, melhor mesmo é quando a criação é imaginária. Quando criada torna-se utilizada e fora do foco principal. É o caso de deus.
Se eu compartilho as repostas: não. Se é o caso de a curiosidade não corroer somente a mim e o seu bem estar servir a meu propósito, sim. Qual o dia que acordarei sem pensar em nada e dormirei sem lembrar do que pensei? Se o desespero é um sentimento, ele acaba rápido como o pânico? E o alívio, é responsável pela felicidade? É lindo o conhecimento: para saber de tudo, tens que saber sobre tudo de todos os ângulos.
E de que adianta saber sobre o saber? A mim nada. Adianta pra mim saber sobre o futuro. Adianta que as coisas se resolvam sem que eu precise mover-me. Se o ser é preguiçoso por si, imagine por outras influências. Feliz era o homem que não sabia nada. Feliz o homem isolado.
Porque aglomerados de átomos pensam e criam sociedades para viver em aglomerados?
É parte da natureza humana.

domingo, 23 de outubro de 2011

até me inspirei em
fazer poesias pequenas
com idéias simples e plenas

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Portador de Vermes

Por mais que eu use frases subordinadas por justaposição e neologismos, nos quais não há resquícios de prévio uso, não me sinto um sujeito simples da oração. Por quanto eu escreva com verbos transitivos e frases anopluras como: "O mundo é redondo e o espaço é infinito", verei apenas a sombra do que o tempo me mostra. A coesão extrema é linear e restritiva, obsoleta. Porém, as vias por que andamos são sinuosas e obtusas.
Estranho ver o grande homem tão abaixado e com tanta tendência à infinitude ignorativa. Cada vez que vejo um pássaro sinto a mesma vontade de matá-lo, comê-lo, incendiá-lo. O vocativo, entre vírgulas, me diz que o que penso, ou não, é, pois, um modo de entender-me a vocação. E ainda que o vento me beije e me lamba, os insetos gordos estão em minha cabeça, festejando: sabem que não só penso no inusitado, como no instransitivo e condicional.
E a coincidência ideal é pluvial. O rio de memórias desemboca no mar de pensamentos. Pena da raiva, essa uma pedra dura, que sedimenta as casas em que vivem os ogros do "capital". O espírito avisa que se cumprem as promessas: não haverá o que esperar, assim que tudo tiver acontecido. E quando acontecer, saberemos que o pássaro sentira raiva.

Eu conheço a base, mas sou homem. Eu conheço os erros. Por onde anda, na história, meu pálio manchado de sangue?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Adrenocorticotrópica

Ah! Tem pedras caindo do céu!
Corra amigo, pra fora do perigo
Corra pra casa, pra baixo do véu
Se olhares pra cima, tem pedras caindo
De um céu outrora lindo

Erga as mãos pra cima, segure
Seu solo a vida inteira o fez
Crie na terra um vínculo
Para que de uma vez, ou três
Uma pedra o dilacere, talvez

Pois frequentemente eu tenho visto
Pássaros voarem em perigo
Pessoas migrarem em luto
Para longe do que tinham previsto
Para longe do mundo antigo

Em um campo resoluto
Em uma pradaria molhada
Por entre as árvores e estradas
Não é sua culpa, condicionada
A excreção bloqueia os tubos

Causando a morte por falência
Dera eu, fosse exigência
Para a entrada à reprimência
Divina como só as pedras
Exploradoras da onipotência

Moldá-las a meu ver
Meu precisar, meu desejar
Molhá-las pouco a pouco
Para que se quebrem, como eu
Em agonia.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Catálogo do Morto

Embarquei em um novo padrão. Movo com frequência por entre as cidades e nelas encontro lugares nos quais o movimento é a cidade. Ao caminho resta as pedras, as vacas e o que se encontra no mato: casas. Casas velhas, adobes toscos amontoados. A chuva é água tosca. Molha e se esconde na beleza de uma nuvem. A nuvem se esconde na obscura névoa que cobre o coração dos que enxergam nada além do que querem ver. Nem a chuva, nem a névoa, trazem de volta ao que eu acostumava. O calor intenso nos todos os dias. Sei como é ter o coração frio pelos dias úteis. Porque me afasto do que quero? Não que não preste a cidade movimentada. É só o desabafo brado e retumbante de um farpado espantalho mimado. Segue o que é maior, busca o que é menor dentro de si. Acha só o que não quer, acha só o desgosto farto. Conheço o crânio do céu. Moro na derme oleosa da terra. O céu safira, pela tarde rubi e a grama esmeralda. O rio de mercúrio corre torto, como o que penso é torto. Os anjos cantam no céu. Felizes eles que podem voar. O meu desgosto é ditadura imoral. O céu safira é rubro em carne. O sangue marinho espalha-se pelos rios. Afinal a água é uma só. E os anjos cantam no céu, porque na terra há só sangue. Petróleo é sangue derramado refinado. Permutações oníricas. Mau-humor sequenciado. Na visão de quem enxerga, ver o futuro é impossível. Dera quem eu o visse. Dera quem eu conseguisse. O pasto é cheio de bosta. Mas a bosta é grama processada. O que é meu cérebro? Processo ante processo ante processo ante processo. Um outro lado do que se mostra inquieto é sutil, sereno e sagaz. Bom se a escolha fosse minha, entre a alma e o limbo. O limbo é criacionista, a alma é imortal. Está na hora do banho de prata, nadar em rios de mercúrio. O mercúrio pesa o dobro pertinho do coração.

domingo, 10 de julho de 2011

Dá Ênfase aos Gritos

Os retumbos tortuosos, tartarianos, triviais, toavam as trilhas, de triatlos orbitais. Estrondam ecoando evidentemente em seres efêmeros, não obstante ouvem-se errôneos obstáculos olvidos. Letargia lúdica de lagrimas litosféricas, desinência destrutiva de demônios destemidos. Assonância algoritmica apaziguando as asas de quem chora e fede a mofo, fora feito de ferro, fora feito de fogo. Há, havia, houve um girassol. Continha contínuas contas com convexas corpulências ocas. Vigiava as vias verde-vivas e virava a vida toda. Sonorificava as sondas soltas de um sol sem silhueta. Perguntava às pombas podres por possíveis penosidades. Respondiam ríspidas e rápidas: "o sol nem é de verdade". Voltavam a voar velozes, vorazes e vêementes. Gritando gaguejados ângulos, gritando fortes verdades. Isso implica na imparidade inicial. Tormentos trêmulos, tortos, trotavam trazendo o sol. Pro homem, procurar a pedra preta era preciso. Riam sem saber porque, não sabiam o porque do riso. Enquanto esperava excitado, o girassol queimado. Ei! Sai, senhor, sai com esse facão! Cão sem coração. Homem em dolmén.

sábado, 4 de junho de 2011

Ineloquência, sabedoria.

O enxofre fede. E eu não suporto mais respirá-lo. Porquanto ande ele me segue. Tenho vontade de matá-lo. O enxofre queima. O fogo arde. "O metal deforma rápido em altas velocidades". Talvez por isso minhas bandejas estejam todas tortas. Todas em vão: o enxofre voa, divaga, e o vento não o move do lugar em que o coloquei.
Senhoras e senhores! Farei uma mágica agora: de minha cartola tirarei tudo o que é transsubstancial. Tudo o que é imaterial, imortal. Tirarei inclusive, o enxofre de minha vida! Que bom se o enxofre fosse tão leigo quanto somos perante os truques de mágica. Perante a vida em si e as suas obturações. Bom se ele fosse humano.
Eu mesmo sou todo remendado. Um espantalho amaldiçoado por minha própria sede de delinquência. Um bêbado sem fígado, um louco sem camisa de força. E por já ter visto tanta coisa, eu mesmo estou do lado contrário de minha dicotomia. Porém, na visão do fétido espírito, eu sou um humano mordaz. Que perdeu seu apetite voraz de acabar com a vida alheia. Que cansou-se de entortar bandejas. Comprei um tanque de oxigênio. Oxigênio furado. A vida é alheia aos olhos de quem não a vê do mesmo modo com que a olhamos.
E isso faz falta aos humanos delinquentes.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Invisível

Esconde-esconde. Eis, por quão caótica, a alegria. Rasgando as realidades. Imolando as verdades e pondo-as justapostamente atrás de seus olhos. Cegando-o com infinita delinquência. Negando-se ao trono da virtude e às belas e míticas analogias. Pois são essas que tiram da visão a excência da luz. E na escuridão não se enxerga nada além do vivo-negro.
Os bastonetes deteriorados acinzentam o preto e tiram dele a força vital. Essa, por sí, dissipada entre aqueles que buscam morrer de formas confortáveis, refugia-se dentro dos mesmos, de forma instável. E de repente, nota-se algo em meio à escuridão. Não com os olhos. É a dor. Necessidade última de que se retire algo que infringe alguma normalidade dentro do próprio corpo.
Ela chega de mansinho e toma por completo. Ela chega de mansinho e toma completamente quem se esquiva. Em um panorama completo do escuro absoluto, a dor é tão visível, que tocá-la e beijá-la vira um ato vicioso. Há dentro dela uma cor esperando para ser chamada por sua cálida voz dizendo: eu te amo, mas sou invisível.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Onfalos

Coma lava. Cuspa pedras. Entenda o que sinto enquanto ando o dia inteiro. Debaixo desse sol que me escalda, que me esfolia. Nu. Porque a natureza é nua. E mesmo nua é enigmática. Mesmo explícita gorjeia só. Ressoa só, e não muito após isso, só ressoa. Mas que há com o fascínio?
Ande sobre brasas. Pois meus pés eu já não sinto. O sol queimou meu caminho e eu não tenho para onde correr. Uma âncora em meu pescoço. É o cansaço. Respire chumbo e sinta os pulmões gritarem, grudarem, cederem. Entenda que o ar que respira é suficiente apenas para mantê-lo vivo, não mais do que isso, e, quiçá, fazê-lo arder. Sinta os pregos serem pregados em suas costas. É o tempo. Suas mãos são belas, mas é vil sua intenção. O que tende a piorar, piora. Sempre que há uma passagem, ela é atravessada. O nome de todas as coisas é secreto, até que se encontrem todas as coisas. Afogue-se em álcool para aliviar o ressentimento. Esqueça o sono, você é imortal. Um escravo do sucesso. Uma isca para o tédio, e com esse eu me dou muito bem.

Por onde os maremotos destroem cidades, campos de flores se erguem mais tarde.

Razão pela qual milhões e milhões acreditam em recompensa.
Aí, a lava vira mármore, granito. Aí as brazas viram grama, e na grama cuspo meu mármore. Aí a âncora vira asas, para que voe, para que possa ver o céu, a minha lua. Aí os pregos viram cores, das mais variadas. Aí o chumbo vira aroma. E com esse eu me alivio. O ácool vira calor, para que o frio vire uma lenda. E para que a natureza, mesmo nua e crua, faça de homens adultos, sua pequena cria. O tédio me abandonou, tivemos uma briga. Ele acusou o tempo, mas o tempo sabe responder.
Por fim, foi-se embora e me deixou com minha nova amante, a alegria.

PS: Ela é fascinante.
PPS: Andou ganhando uns quilinhos.
PPPS: Já não é a mesma que eu um dia entendi.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Facas

Sabe no que andei pensando? Pensar é crime. Há sangue em minhas mãos, ele me afasta das coincidências. Existe uma pena pra cada crime, e o mesmo crime é cometido várias e várias vezes. Na minha prisão não tem janelas. Não existe liberdade para o que já foi condicinado. Infelizmente, o regulador pineal modifica meus sentidos, tornando-os matéria de condição, de necessidade.
Antes de existir a justiça, a injustiça já reinava. Antes do pensamento, o caos já habitava. Filtrando toda parte da confusão por ele gerada, existiu a ordem. E aí, logo em seguida vieram a vontade e o preconceito. Os conceitos vieram depois, seguidos da displicência e da preguiça. Que onde haja o desespero, eu possa levar a esperança.
É mais fácil ser entendido do que entender. E não há motivos para entender o que não se aprende. Apreender as formas diversas de conhecimento e trancá-las em sua própria prisão particular. Relativamente, retirar as idéias que repousam em liberdade e as forçar a escravidão eterna, em sua grande máquina de destruição. Você é responsável.
As grandes operações tornam-se cada vez mais fáceis. É cada vez mais nauseante ver que já não há motivos para continuar preocupado. Não é negar o que pode ser negado. Felizmente meu relógio bate, aqui e do outro lado de minha alma. Sou um carcereiro de facas. Uso-as para cortar as barras e cordas que aprisionam as idéias dentro de mim.
Para que as mesmas em liberdade cantem e ecoem pelo espaço vazio, criando novos universos.