domingo, 18 de março de 2012

Ensinar

Capte o seguinte:
Da partilha da insistência faz-se da indisponibilidade uma medalha sem valor algum a um ninguém adaptado. Como carne e sangue e vasos condutores, o éter, de referencial absoluto, desfia suas réplicas através do tempo, seu vaso condutor. Tem um império pétrido, pérfido e parnaso de pequenas criações: as pedras. São rascunhos de ex-estrelas. No espaço só há coisas brilhantes e quentes, ou nada. O espaço é meio tosco. Ele é meio colorido, meio escuro, meio vazio, meio cheio, meio redondo, meio esquecido, meio impossível, meio diferente, meio simultâneo, meio reticente. Condiz com a perfeição. Eis que se condiz, então não diz, e se não diz nem se mostra, não existe. Isso mesmo, não existe.
Se já se é visto que de nada adianta explorar micro-macro-meso infinito, que se cessem as pesquisas dessa área. Usem esse dom para fazer com que os recursos sejam infindáveis. Usem esse dom para prolongar e promover a espécie a outros planetas. Descobrir é um ato já ultrapassado. Exemplificar e descrever também. Negar é mais simples do que provar, por isso eu comando: proliferem!

Poema recitado mentalmente em preâmbulo de um acontecimento letal

Já está quase chegando no começo. Posiciona teu karma em uma mórula nova e muda de fator: deixa o que está aqui, pra cá, não leva nada. Melhor pra ti se não lembrar o que ocorreu, melhor ver tudo de novo, aprender tudo denovo, começar a se desarrepender.
Pode imaginar o novo? O gosto do novo, o cheiro do novo? Pode imaginar ter que imaginar tudo o que imaginou, denovo? Magoar de novo, explicar, esperar, migrar, denovo? Que gosto tem fazer tudo de uma forma nova?
Não repetindo as ações, mas reforçando o quão estúpido és. Afinal, tu rolou a vida toda de um lado pro outro, bebeu whisky que não era teu. Comeu da carne que não era tua e esperou encontrar algo ali do outro lado, mesmo sabendo que corria o risco de não ter visto nada. E não vai ver nada. Tu não vai nem lembrar que lembrou de algo antes de morrer. Então não vem com essa de "ah, passou um filme", porque filmes de verdade são exibidos em telas, e tu não tem telas no cérebro.
Eu sei que a vida toda é bem rápida, e esse negócio de último suspiro é uma covardia por parte das possibilidades, mas nem que você só esteja morrendo por acaso (relativo), sua memória será parte do que se foi. A menor delas. Tem que ser forte pra cruzar a porta de lá. Já é hora.