quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Catálogo do Morto

Embarquei em um novo padrão. Movo com frequência por entre as cidades e nelas encontro lugares nos quais o movimento é a cidade. Ao caminho resta as pedras, as vacas e o que se encontra no mato: casas. Casas velhas, adobes toscos amontoados. A chuva é água tosca. Molha e se esconde na beleza de uma nuvem. A nuvem se esconde na obscura névoa que cobre o coração dos que enxergam nada além do que querem ver. Nem a chuva, nem a névoa, trazem de volta ao que eu acostumava. O calor intenso nos todos os dias. Sei como é ter o coração frio pelos dias úteis. Porque me afasto do que quero? Não que não preste a cidade movimentada. É só o desabafo brado e retumbante de um farpado espantalho mimado. Segue o que é maior, busca o que é menor dentro de si. Acha só o que não quer, acha só o desgosto farto. Conheço o crânio do céu. Moro na derme oleosa da terra. O céu safira, pela tarde rubi e a grama esmeralda. O rio de mercúrio corre torto, como o que penso é torto. Os anjos cantam no céu. Felizes eles que podem voar. O meu desgosto é ditadura imoral. O céu safira é rubro em carne. O sangue marinho espalha-se pelos rios. Afinal a água é uma só. E os anjos cantam no céu, porque na terra há só sangue. Petróleo é sangue derramado refinado. Permutações oníricas. Mau-humor sequenciado. Na visão de quem enxerga, ver o futuro é impossível. Dera quem eu o visse. Dera quem eu conseguisse. O pasto é cheio de bosta. Mas a bosta é grama processada. O que é meu cérebro? Processo ante processo ante processo ante processo. Um outro lado do que se mostra inquieto é sutil, sereno e sagaz. Bom se a escolha fosse minha, entre a alma e o limbo. O limbo é criacionista, a alma é imortal. Está na hora do banho de prata, nadar em rios de mercúrio. O mercúrio pesa o dobro pertinho do coração.