domingo, 18 de março de 2012

Poema recitado mentalmente em preâmbulo de um acontecimento letal

Já está quase chegando no começo. Posiciona teu karma em uma mórula nova e muda de fator: deixa o que está aqui, pra cá, não leva nada. Melhor pra ti se não lembrar o que ocorreu, melhor ver tudo de novo, aprender tudo denovo, começar a se desarrepender.
Pode imaginar o novo? O gosto do novo, o cheiro do novo? Pode imaginar ter que imaginar tudo o que imaginou, denovo? Magoar de novo, explicar, esperar, migrar, denovo? Que gosto tem fazer tudo de uma forma nova?
Não repetindo as ações, mas reforçando o quão estúpido és. Afinal, tu rolou a vida toda de um lado pro outro, bebeu whisky que não era teu. Comeu da carne que não era tua e esperou encontrar algo ali do outro lado, mesmo sabendo que corria o risco de não ter visto nada. E não vai ver nada. Tu não vai nem lembrar que lembrou de algo antes de morrer. Então não vem com essa de "ah, passou um filme", porque filmes de verdade são exibidos em telas, e tu não tem telas no cérebro.
Eu sei que a vida toda é bem rápida, e esse negócio de último suspiro é uma covardia por parte das possibilidades, mas nem que você só esteja morrendo por acaso (relativo), sua memória será parte do que se foi. A menor delas. Tem que ser forte pra cruzar a porta de lá. Já é hora.

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